Férias. Devia levar o tema à letra e não escrever a ponta de
um corno. Mas seria demasiado previsível. Então vamos falar de férias como a
maioria das pessoas a concebe: no verão.
Férias. A altura do ano em que este rectângulo à beira mar
se torna na colónia (ou cologne, em
bom franciú) de muitos emigrantes e
somos invadidos por carros topo de gama, conduzidos por pessoas de meia idade
que comunicam no dialecto estranho e híbrido, desejosas de profitarem as vacances.
Altura do ano em que se multiplicam as festarolas em honra
de tudo quanto possa existir, nas quais os emigrantes são presença assídua. Não
faltam os comeres típicos da terra, os cantares, os folclores, as pessoas que
se guardam para usarem as melhores roupas que têm. Não faltam, também, os
bailaricos, as touradas e as feiras. Se puder aparecer por lá os canais de
televisão com os “especiais” dedicados ao evento, tanto melhor. Mais prestígio
para a terra, mais material para o youtube.
Altura das filas intermináveis na 25 de Abril e de se passar
um dia inteiro para chegar à praia e voltar a casa bronzeado, mas à camionista.
Altura em que milhares de pessoas descobrem o Algarve. E
mais praia, bebidas, mais estrangeiros e muito factor Zezé Camarinha.
Época das festas. Milhões de festas. Festa da espuma, festa
branca (e da branca), festa da mangueira, festa, festa e mais FESTA!
E após as festas, entupir o FB com todas as fotos tiradas
durante a festa “Aqui eu, um bocado feia” “tas linda amoreee” “opá, não queria
nada pôr esta” “Estás bouuaaaa, tavam todos os gajus a olhar pra ti”. E os
adds. ADICIONAR TODA A GENTE QUE ESTAVA NA FESTA. Stalkar o interesse amoroso.
Ou seja, altura propícia ao engate. É uma equação simples:
mais calor, menos roupa e mais desejo. Mamas a saltar, muita perna à mostra,
verdadeiros atentados nas praias. Misturar quantidades variáveis de álcool.
Sexo desenfreado. Ao ar livre. Dentro de água. Nem sequer lembrar a cara do
parceiro. Ou então amores para sempre, destinados, que acabam mal os raios de
sol começam a enfraquecer.
Tempo de pôr as leituras em dia, mas acabar atulhado em
revistas cor de rosa, que nem a um dia de praia sobrevivem (alguém consegue ler
aquilo com manchas de protector solar e páginas coladas com água salgada?).
Tempo também, claro está, de dedicar tempo a ganhar uma
corzinha, algo que até há uns cem anos atrás era condenável. A cor era
reservada aos trabalhadores do campo, ser-se branco como a neve é que era sinal
de status. Muitos escaldões, pessoas
que ficam da cor do cobre, muitas asneiras. Milhares de pessoas ensanduichadas
em poucos metros quadrados, deitadas na areia, a mergulharem no mar.
A oferta cultural aumenta. Proliferam os festivais,
especialmente os de música. Verdadeiras romarias para ver o cantor na moda, a
banda de sempre ou apenas para dizer que se foi e estar com o pessoal. Pessoas
que percorrem o país de lés a lés em busca da nova pulseirinha para enfeitar o
punho. E construir mangas com isso. Em relação ao cinema, a qualidade dos
filmes costuma diminuir. Muitos clichés, muito material com o propósito de
vender e pouco conteúdo.
Férias. Os dias mais aguardados do ano. Tempo de deixar para
trás a existência monótona e miserável e de sonhar. Provar o doce néctar que
depois, nos é abruptamente arrancado, deixando apenas um pequeno vestígio nos
lábios, que tanto nos satisfaz como nos atormenta. Férias. Obrigados a consumir com moderação.
Eu amei este texto!
ResponderEliminarObrigada Ana =)
Eliminarum pseudo babaca que ker escrever no tipo poesia,, que bosta,,,, vou continuar minha vida de férias brincando com meu triangulo da putaria: eu bubu e brinkinho, nús na sauna, na banheira, no chuveiro, tomando banho de sol, akele suor escorrendo nakele peito cabeludo do bubu, peles e barba a rossar, a baba à escorrer, enfim, muita piroca no saco, e massagens mil!
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