quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Portugal Olímpico




2012 foi ano de mais uma edição dos  Jogos Olímpicos de Verão, desta vez fazendo história com o facto de Londres ser o primeiro local a realizar 3 edições dos Jogos da Era Moderna. Um longo caminho foi percorrido desde os Jogos da Antiguidade e mesmo em relação aos tempos modernos, cada edição apresenta novas inovações. Ora são os fatos, ora as maneiras de ludibriar os resultados, muitas novidades surgem. 

Podia falar das infra-estruturas criadas e/ou aproveitadas, das polémicas, dos favoritos de sempre, das surpresas, do fantástico feito de Phelps, dos escândalos, enfim, uma miríade se assuntos. Também podia falar do típico “pff, não sei o que é que lá vamos fazer, os portugueses nunca ganham nada porque são os uns calões!”. Pessoas que vêem um Português partir na pista 8 nas provas de atletismo e gritam, quando ainda estão nos blocos “olha, já está em último!”. 



É verdade que as coisas não correm muito bem para os nossos lados, mas isso deve-se à sinergia de uma imensidão de factores que davam não uma crónica, mas sim, um livro com vários tomos. Mas, se adaptarmos os Jogos Olímpicos à vida do quotidiano, facilmente percebemos que afinal, até nem nos saímos nada mal? Como? Criando aquilo que está na moda, uma equivalência. Segue uma lista com os vários desportos e o nosso desempenho.

Ginástica: governar uma família inteira como ordenados miseráveis, às vezes, com menos de 500€. É necessária muita flexão, precisão, flexibilidade. Esticar muito. Gera notas artísticas elevadas devido à criatividade necessária para gerir as coisas. É rítmica pelo jogo de cintura necessário. 



Andebol: Mãos nas bolas. Tanta gente a coçar a micose, ou, como eu gosto de dizer, “a coçá-li-os.”

Halterofilismo: lidar com toda a carga fiscal que temos não é para todos. 



Natação: meter água, por outras palavras. As inundações quando começam as primeiras chuvas porque isto da prevenção e da limpeza das sarjetas só é fixe quando já não há nada a fazer. A baixa de Sacavém, por exemplo, que o diga. Os planos que correm sempre mal. Os mal-entendidos, as broncas. Os escândalos.



Futebol: árbitros, prostituição, lavagem de dinheiro, corrupção, bancarrota. Quê, 22 jogadores em campo? Desporto? Isso é o menos importante.

Atletismo: passar a vida a correr de um lado para o outro. Correr para apanhar os transportes, correr porque se ficou preso no trânsito. Correr para não se chegar atrasado, fazer refeições a correr. Para provas de resistência, como a maratona, temos as longas e intermináveis filas dos serviços, como da Loja do Cidadão, de uma qualquer repartição das Finanças, Segurança Social, etc, etc... Ultrapassar barreiras. Passar o testemunho de forma segura.



Ciclismo: com o preço dos combustíveis a escalar, os pedais ganham um novo atractivo. 

Lutas: as lutas laborais, as lutas dos sindicatos, as greves. Os Homens da Luta e um revivalismo pós-25 de Abril. Muitos “reaccionários”.



Remo: remar contra a maré. Se lá fora se aposta em formas de evitar realizar pagamentos sem recurso a dinheiro vivo, nós por cá voltamos a usar os trocos. E a eterna frase “desculpe posso ficar a dever-lhe um cêntimo?”. Ah, comodidade.



Tiro: pegar no Correio da Manhã. Está tudo dito.

Vela: preço da electricidade e gás também a escalar. No outro dia até jantei na Pizza Hut à luz das velas. Ou, numa outra perspectiva, a União Europeia a ir de vela.




Portanto, nestes Jogos Olímpicos Alternativos, até que nem nos saímos assim tão mal. Umas medalhas para cá, que precisamos de encher os cofres do Estado com ouro.

E para terminar, uma sugestão de visualização deste magnífico sketch. British e tudo, como estes últimos Jogos Olímpicos. Like a sir.


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